A viagem
Chegar aqui foi interessante. Tinha as referências todas, o local de partida dos transportes, em Nairobi, os tipos de autocarros e matatus, os horários… só não estava preparada para o caos da Accra Road (nunca estou mesmo depois de estar farta de experimentar sítios assim). Na mesma rua poeirenta e esburacada, encontram-se autocarros de luxo de 2 andares, com TV, AC, WC e mais uns quantos extras, matatus de 21 e 14 lugares, táxis partilhados de 7 lugares, sinais de destino para todos os cantos do Quénia (quase todos, que para o Norte não há transporte e quase metade do país fica no meio do deserto e isolado do mundo), gente a gritar para atrair clientes para as viaturas, um mundo de estabelecimentos comerciais decadentes, com cores garridas, produtos fora de prazo e música altíssima, bagagens, sacos gigantes e embrulhos, gente por todo o lado (gente feliz a cantar e a gritar, a receber um ente querido, gente a chorar a despedir-se, gente a carregar coisas incríveis), uma manta de retalhos de cores, aromas e sons.
É um espectáculo interessante se nos conseguirmos abstrair e fazer de conta que não estamos lá. É um pouco assust
Demoramos quase 4h a chegar ao nosso destino o que é um pouco cansativo quando a viagem tem alguns solavancos e vamos batendo com a cabeça no tejadilho (também provoca algumas
dores de cabeça, é certo).
Nanyuki, Monte Quénia, a três quilómetros do Equador
A paisagem altera-se conforme a altitude vai aumentando. Primeiro, os subúrbios da grande cidade, depois o tráfego intenso na estrada principal e finalmente o verde, a terra cultivada, a floresta, a chuva e o cheiro a terra, até chegarmos aos prados secos, extensos, a cheirar a capim e finalmente Nanyuki. É uma pequena cidade cheia de comércio, mercados e lojas. Não é bonita, nem é feia. É uma das entradas para o Parque Nacional Monte Quénia. E a montanha, imponente, nos seus mais de 5000 mt, está sempre presente no horizonte mesmo que esteja coberta de nuvens pois transforma-se numa espécie de montanha etérea. No primeiro dia acordei muito cedo, antes das 6h da manhã e espreitei pela janela do quarto o sol a nascer, vermelho-fogo, por trás do Monte Quénia.
Mas adiante… uma das coisas que mais me chamou a atenção desde o primeiro momento foram os pássaros… é verdade. Primeiro é impossível não reparar neles porque fazem uma barulheira deliciosa, depois, é impossível ficar indiferente às cores que pintam o céu de um lado para o outro. Descobri que preciso de uma máquina fotográfica melhor para os fotografar bem. Outro pormenor encantador, são as flores e as cores intensas das flores. E com uma natureza tão generosamente colorida não percebo porque é que em swahili só se identificam 5 cores.
Outro fenómeno encantador (mau para a agricultura, é certo) é que parece que Nanyuki fica numa clareira de sol e
(continua...)
3 comentários:
Que descrição magnífica das Terras Altas do Quénia! Até apetece ir para lá já a correr :) E fotos impecáveis, até vi a minha flor favorita e tudo! Quanto a precisares de uma máquina melhor, tenho aqui óptima lol, a sério, vê lá se aí os preços compensarem compra já uma porque até um pecado estares rodeada dessas belezas e não tirares boas fotos, se bem que as que vi são muito boas :) E repito tu tás idêntica ao Bill Bryson, ele tb fazia o truque de fazer de conta que sabia exactamente o que fazer mesmo nos lugares onde não fazia a mínima ideia lol O "Diário Africano" dele é passado no Quénia, esqueci-me de te dizer! Estou ansiosamente à espera desta continuação :)
Olha, as fotos estão espectaculares, principalmente a do passarito azul! :)
Continua, continua, estou a gostar... :)
As fotos e os textos! Vai escrevendo, minha linda, que nós queremos ler mais.
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