30/07/09

A PREPOTÊNCIA É UMA COISA MUITO FEIA!

Para quem ainda não sabe, o Quénia é tecnicamente uma democracia, com um sistema híbrido meio parlamentar e meio presidencial desde os conflitos pós-eleitorais, no ano passado. Só este facto já é suficiente para tornar esquizofrénico o exercício da política neste país (hoje é preciso agradar ao PM, amanhã ao Presidente). Mas tudo piora se tivermos em consideração que apesar da roupagem democrática, o Quénia é na verdade governado por uma verdadeira Oligarquia. São meia dúzia de famílias poderosas, dos Moi (do antigo ditador) aos Kibaki (do actual Presidente), que na verdade governam o país sem concorrência, roubam o país descarada e impunemente e ditam as regras do jogo. No seio destas famílias ilustres (chegadas ao poder mais por chico-espertismo, do que por mérito ou herança) estão distribuídos os altos cargos públicos (e os médios e alguns baixos também) e a gestão de todas as empresas públicas e da maior parte das empresas privadas.
Ora estes sistemas são propícios a provocar nas suas elites comportamentos bastante anti-sociais e originam frequentemente sintomas de demência (excentricidades, claro!), na minha opinião porque estes infelizes vivem tão fora da realidade social e tão alheios a qualquer tipo de punição ou controlo, que perdem a noção das coisas e caem no ridículo de forma irreversível.
Os exemplos são muitos e preocupantes. A esposa do Presidente, por exemplo, foi recentemente notícia por esbofetear em público um Membro do Parlamento porque ele andava a dizer mal do marido, pois claro. Claro que ela deu a primeira estalada e depois os guarda-costas continuaram a dar no canastro ao senhor, não fosse ele responder à agressão e dar nas trombas da Primeira Dama. Mas há mais, um juíz do Supremo Tribunal foi parado na rua por um polícia (que coitado não conhece todos os membros das famílias reais) e ficou tão incomodado que tirou a arma a um dos guarda-costas e disparou sobre o polícia. E só para terminar com um exemplo que eu já presenciei, a esposa do Governador de Nairobi anda pela cidade como se fosse a rainha do Sabá, rodeada de seguranças armados, que não hesitam em sair do carro e apontar armas aos outros carros no meio do trânsito para abrir caminho para a senhora.
É lamentável um país com tanto potencial e tão maravilhoso ter uma élite tão necessitada de ajuda psiquiátrica. Eu sinto-me incomodada com o estado de saúde desta gente e além do mais, a prepotência é uma coisa muito feia.

5 comentários:

Zimbie disse...

É tão horrível :P Mas olha a coincidência!! Recebi ontem a minha última edição da Time, e dedica um artigo à 'partilha' do poder no Zimbabwe, e estão lá estas referências todas!! Vai ver: http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,1912409,00.html. O Tsvangirai está a tentar ser reconcilador, e o Mugabe continua (dah!) um lunático desvairado.
E uma opinião sobre NÃO levantar as sanções ao Zimbabwe:
http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,1912357,00.html

Zimbie disse...

PS: assim a nossa África nunca mais se endireita :-(

Zimbie disse...

e só mesmo a 'frase marcante' do artigo:
"In a Harare hotel, I [o jornalista] meet Christopher Mutsvangwa, a ZANU supporter, businessman and former ambassador to China, whose clock seems to have stopped at independence in 1980. "Losing [Zimbabwe] was a very traumatic experience for British imperial pride," he says, "and they feel it needs to be reversed." Hyperinflation, he insists, was a British fabrication. "It wasn't generated by anything the government did. It was generated by a British computer."

Inflation generated by a British computer :PPPPPPP Ainda não consigo acreditar que foi capaz de dizer isto!!

(Desculpa esta catadupa de comentários, mas fiquei tão revoltada, e esta tua história despoletou ainda mais a coisa!)

African Queen disse...

Minha linda, tiveste um verdadeiro ataque de Mugabite LOL
Eu entendo... isto é tudo muito lindo, mas está tão podre que uma pessoa nem sabe por onde lhe pegar.

Sara disse...

Bolas... :(