Kisumu - Esta é a terceira maior cidade do Quénia, capital da província do Nyanza, situada numa extensa baía do Lago Vitória. Rodeada pelo lago e pelos imponentes montes Nandi, a cidade tem uma geografia peculiar. A actividade comercial é intensa e não faltam mercados, supermercados e milhares de vendedores de rua. O trânsito, composto pela mais variada parafernália de transportes do país, a saber: os omnipresentes matatus, os preciosos tuk tuk, os boda boda (bibicletas de passageiros) e os piki piki (motos de passageiros), é caótico e colorido e pode ser hilariante. Apesar da correria e do frenesim comercial também aqui há parques, zonas verdes e belos bairros residenciais e as pessoas são na generalidades simpáticas e generosas.
Lago Vitória - Apesar de mítico e possuidor de uma beleza extraordinária o lago não parece atrair muitos turístas, nem o Quénia parece ter muito interesse em desenvolver infraestruturas de lazer e turismo, como acontece nos países vizinhos. Infelizmente, as margens do lago estão basicamente recheadas de bairros de lata de pescadores pobres. É difícil encontrar um parque junto à água, um restaurante, um hotel, um espaço de lazer. Mas existem… é preciso é ser perguntador e procurar debaixo das pedras. O Kenya Wildlife Service tem aqui um santuário interessante, mesmo na margem do lago, a poucos quilómetros da cidade, o Impala Park. É um belo lugar para passeios, piqueniques e muito fotogénico. Um pouco mais adiante há uma pérola, o Kiboko Bay Resort, que fica na margem, com uma paisagem de cortar a respiração e onde se pode pernoitar a preços decentes em super tendas com chão e casa de banho e mobília, comer divinamente no restaurante, no jardim, ou na piscina (experimentei camarão com erva príncipe e chorei por mais) e passear de barco no lago com direito a visita aos hipopótamos que se banham pelas margens (a não perder). Não há muitas mais opções turístcas na região, excepto um resort de luxo numa das ilhas do lago e um muito interessante pequeno resort com cabanas de tecto de palha em Mbita, no extremo sul do lago, do lado do Quénia, claro! Que eu ainda não sei se vou visitar esta semana. Depende dos transportes e dos Census 2009.
Transportes - Dentro da cidade e entre grandes cidades, há imensos e variadas opções. No entanto, nos percursos regionais entre cidades mais pequenas a coisa limita-se ao matatu, o que aqui é um bocadinho pior do que em outros lugares porque parece haver um entendimento tácito entre os matateiros e a polícia por forma a estes circularem com gente a sair pelas janelas. Estou a falar de viaturas de 14 lugares que levam em média 20 pessoas por viagem. Não é bonito! Hoje, por exemplo, tive oportunidade de fazer uma destas viagens maravilhosas entre Kisumu e Kisii, a cerca de 2h de distância. Tudo é mais organizado que nos circuitos urbanos, é certo, o que ajuda um pouco. Em vez de as pessoas se sentarem no colo umas das outras ou nos intervalos dos bancos, os matateiros fornecem pequenas tábuas rijas para colocar nos espaços entre os bancos. Haja conforto na viagem! Ora, como o que tem de ser tem muita força e eu tinha mesmo de vir a Kisii porque só aqui há 3 associações de CJ, lá tentei negociar um lugar à janela, na frente, com espaço por baixo dos meus pés para a mochila, por 2,80 euros. Nada mau. A viagem acabou por ser medianamente confortável, rápida e sem dúvida barata. Quanto à ida a Mbita, tenho de averiguar a distância porque um mzungu tem limites.
Census 2009 - Está na ordem do dia: hoje é dia de recenseamento nacional sob o slogan “Rise and be counted” (os quenianos são muito dramáticos). Espantosamente, uma coisa tão normal para uns pode ser uma dor de cabeça para outros. Aqui é uma verdadeira enxaqueca. As pessoas desconfiam de tudo. O facto de terem de responder a questões sobre pertença étnica fá-los temer represálias tribais, as questões sobre rendimentos fá-los temer a polícia… enfim… e no meio disto tudo há ameaças de “terrorismo” por parte de grupos extremistas que tentam assustar ainda mais as pessoas e um sem fim de programas de televisão e de rádio a tentar explicar aos cidadãos o que se passa. Tudo se vai desenrolar entre as 18h e as 22h de hoje. Supostamente todas as casas do Quénia serão visitadas por recenseadores devidamente identificados e treinados, acompanhados, nos meios rurais, pelos Mais Velhos ou Autoridades locais. A polícia está em alerta máximo (o que quer que isso seja!) e como nunca se sabe a que nível do imponderável as coisas podem chegar, a minha possível ida a Mbita está congelada até ter a certeza que toda a gente se levantou e foi contada em paz e sossego. Pela minha parte, estou à espera que me contem, sim, porque os turistas, estudantes, imigrantes etc, também têm de ser contados. Depois, conto como foi a contagem cá em casa!
24/08/09
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1 comentário:
Li o teu post o outro dia mas não tive tempo de comentar, mas agora com algumas fotografias para acompanhar.... buhhh, que invejidade!! :-)) Bela descrição da região, adorei! E é tão giro que vais contar para as estatísticas demográficas dos Quénias para os próximos 10 anos ;-))
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